sexta-feira, 25 de março de 2011

BRASIL IMPORTA IMPACTOS AMBIENTAIS, CONFORME VENCEDOR DO PRÊMIO NOBEL


Peter Fussy
Direto de Manaus
Um dos cientistas mais respeitados do mundo quando o tema é mudanças climáticas, Philip Fearnside afirmou nesta sexta-feira, em Manaus, que o Brasil está exportando energia para o resto do mundo e importando impactos ambientais. Convidado pelo cineasta James Camerona a fazer parte de uma discussão sobre Belo Monte, ele criticou a construção da usina na região do rio Xingu, no Pará, principalmente a destinação da energia, que será usada em grandes indústrias.
"Este é um caso extremo, onde boa parte da energia seria usada para produzir alumínio, principalmente pela americana Alcoa. É um dos piores usos de energia possíveis. O País está praticamente exportando a energia para o resto do mundo e importando os impactos ambientais. A usina gera poucos empregos, destrói o País, e os benefícios ficam fora", explicou Fearnside, que integrou o Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC, em inglês), que levou o prêmio Nobel da Paz em 2007 junto a Al Gore.
De acordo com o governo brasileiro, a usina que deve entrar em funcionamento em 2015 vai beneficiar cerca de 26 milhões de pessoas e produzir energia para atender a demanda crescente no País. Ainda nas contas do governo, a construção de Belo Monte deve gerar 18 mil empregos diretos e 23 mil indiretos. No entanto, Fearnside rebate e diz que é a solução mais cômoda no momento.
Destacando a destinação da energia para a produção de alumínio, o cientista pede para o governo reavaliar o projeto. "O Brasil está proibido de exportar madeira em tora desde 1966, e também não exporta móveis. O País pode tomar uma decisão como essa em relação ao alumínio lingote. O Brasil é um dos países que mais vai sofrer com o efeito estufa. Outras hidrelétricas levaram cerca de 40 anos para dar o retorno esperado. Não temos tudo isso", alerta.

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